segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Imposto de Renda: especialistas apontam impactos e perspectivas sobre isenção para quem ganha até R$ 5 mil

O governo anunciou, no fim da última semana, um novo programa de corte de gastos, com o intuito de reverter as expectativas do mercado em relação ao aumento contínuo das despesas públicas. Além das medidas para cortar gastos, também houve a divulgação da ampliação da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e um aumento de impostos para os mais ricos. 

Na avaliação do advogado tributarista e mestre em Direito pela PUC-SP, Thulio Carvalho, apesar de o governo ter informado que pretende compensar essa medida aumentando impostos daqueles que recebem acima de R$ 50 mil mensalmente ou R$ 600 mil anualmente, há o surgimento de uma incerteza ao cenário fiscal do país. 

“Não necessariamente essa proposta vai ser aprovada tal e qual pelo Congresso Nacional. E, em havendo uma concordância dos parlamentares no sentido de aprovar essa ampliação da faixa de isenção do imposto de renda, mas discordando da criação de mais tributos sobre os salários acima de R$ 50 mil, passa a surgir uma questão para saber de onde virá a arrecadação correspondente a essa nova renúncia fiscal. Existe, sim, um ambiente de incerteza por conta da necessidade de recompor a arrecadação”, explica. 

Reação do mercado financeiro 

O anúncio também provocou reação no mercado financeiro. O dólar, por exemplo, chegou a subir para R$ 6, atingindo patamar histórico. Diante da piora da percepção fiscal, o índice da bolsa de valores brasileira (Ibovespa) caiu 1,73%, a 127.668 pontos, na mínima do pregão, também influenciado por outros fatores externos. 

“Em relação a um médio e curto prazo, essa instabilidade, por exemplo, pode dificultar a trajetória de recuperação do real em relação às moedas internacionais, justamente porque essa medida anunciada, com a instabilidade que ela acarreta, tende a deixar os mercados em alerta e dificultar a circulação de recursos em relação ao nosso país”, pontua Carvalho.

Por outro lado, para o presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo, Carlos Eduardo Oliveira Jr., a medida gera uma discussão válida, pois, de fato, há uma redução de arrecadação por parte do governo, mas, de certa forma, pessoas dessa faixa de renda podem passar a consumir mais, movimentando setores como Comércio e Serviços.

“Gerou e está gerando debate intenso, porque há perda de receita, porém esse dinheiro a mais vem em consumo, com perspectiva de aquecimento no consumo”, considera. 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou que essa medida não deve ser pautada brevemente. Esse ponto só deverá ser enviado ao Congresso em 2025 e, caso seja aprovado, só deve passar a valer em 2026.

Segundo a Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil engloba 36 milhões de contribuintes. Isso representa 78,2% do total de 46 milhões que declaram Imposto de Renda anualmente. 


 

MARANHÃO: Novembro Quilombola: MPF atua para garantir proteção ao patrimônio cultural das comunidades quilombolas

O Ministério Público Federal (MPF) propôs ação civil pública para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a União promovam processos de tombamento de patrimônios históricos, culturais, materiais e imateriais das comunidades quilombolas do estado do Maranhão, assegurando a posse e a preservação de seus territórios.

A ação foi proposta na Justiça Federal e visa garantir a proteção dos direitos das comunidades quilombolas maranhenses por meio do cumprimento da Portaria Iphan n.º 135/2023. A norma regulamenta o procedimento simplificado para o tombamento de sítios e documentos que guardem reminiscências históricas dos antigos quilombos, oferecendo maior proteção a seus territórios e modos de ser, fazer e viver.

Entretanto, mesmo após um ano da publicação da nova portaria, o Iphan pouco avançou nos trâmites para o tombamento dos bens culturais das comunidades quilombolas do estado, colocando em risco a integridade de seus territórios e modos de vida, conforme ressaltam os procuradores da República Anne Caroline Neitzke, Diego Messala, Felipe Ramon Froes e Hilton Melo, autores da ação.

O Iphan deixou, inclusive, de fornecer ampla divulgação e facilitação de acesso às comunidades sobre essa política pública. A União, por sua vez, não tem destinado recursos orçamentários e humanos necessários para que o Instituto possa cumprir suas obrigações legais no que se refere à proteção do patrimônio cultural dos quilombolas.

Pedidos - Por isso, o MPF requer, em caráter de urgência, que a Justiça determine prazo para que o Iphan apresente cronograma detalhado de todas as etapas do processo de tombamento dos bens culturais, levando em conta, no primeiro momento, as comunidades quilombolas do Maranhão incluídas na lista apresentada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Além disso, que sejam impostas medidas cautelares que proíbam a União, o Estado do Maranhão, os Municípios maranhenses e terceiros particulares de realizarem quaisquer atividades ou intervenções que possam degradar o patrimônio material e imaterial dessas comunidades.

Também foi solicitado que sejam inseridas, pela Corregedoria Extrajudicial do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), as devidas averbações nas matrículas dos imóveis sobre as áreas que serão objeto dos processos de tombamento. Ainda, que seja determinado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) e à Superintendência Regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que suspendam, imediatamente, todas as licenças ambientais e autorizações que possam comprometer a integridade dos bens culturais das comunidades quilombolas, até que sejam concluídos os processos de tombamento e garantida a segurança territorial das áreas em questão. Foi requerida a fixação de multa diária em caso de descumprimento.

Ao final do processo, foi solicitado à Justiça que sejam confirmados os pedidos liminares que a União seja obrigada a disponibilizar ao Iphan os recursos orçamentários e humanos necessários para que a autarquia possa cumprir com suas atribuições, concluindo os trâmites de tombamento por meio do processo simplificado previsto na Portaria n.º 135/2023. O pedido também aborda a determinação de que o Iphan adote as medidas necessárias para garantir a proteção integral dos territórios e dos bens culturais das comunidades durante o processo de tombamento.

Além disso, que seja determinado ao Estado do Maranhão e aos Municípios que considerem o tombamento dos territórios quilombolas como elemento vinculativo e impeditivo de quaisquer ações públicas ou privadas, autorizadas pelo poder público, que possam comprometer a integridade dos bens culturais. Ainda, que os órgãos ambientais sejam obrigados a não emitir ou renovar licenças ambientais para atividades que possam comprometer a integridade dos territórios tombados ou em processo de tombamento, sem a consulta prévia, livre e informada às comunidades quilombolas e sem a devida comprovação de que tais atividades não acarretarão prejuízos aos bens culturais.

Descaso - O Maranhão é o estado brasileiro que possui a maior população autodeclarada quilombola do país e também o maior número das demandas de processos de regularização de territórios, com 424 processos em tramitação, de um total nacional de 1.881 processos, de acordo com dados da Superintendência do Incra no Maranhão. Ainda assim, não há nenhuma política pública específica para esse público que possa viabilizar a garantia de sua segurança. O órgão, por diversos motivos, não consegue dar andamento às demandas, dificultando o acesso de comunidades ao direito de legítima titulação de seus territórios.

Segundo a Superintendência do Iphan no Maranhão, existem, ao todo, cinco processos de tombamento abertos, nenhum concluído. Os processos referentes ao Quilombo do Frechal e Jamary dos Pretos, por exemplo, foram abertos ainda nos anos 1990, sendo à época indeferidos e arquivados. No entanto, em decorrência da Portaria n.º 135/2023, foram recentemente reativados. Os demais processos foram instaurados a partir de solicitação das próprias comunidades quilombolas.

Novembro quilombola - Durante todo o mês de novembro, o Ministério Público Federal realiza a ação coordenada Novembro Quilombola, que pretende acelerar o julgamento de mais de 350 ações relacionadas a direitos fundamentais de comunidades quilombolas do Brasil e que tramitam em segundo grau de jurisdição. As ações abordam questões territoriais, ambientais, previdenciárias, de acesso à saúde, educação e políticas públicas, em geral, assim como o respeito à consulta prévia.

O Novembro Quilombola também está nas redes sociais. Este mês as contas do MPF no YouTube, Instagram, LinkedIn e X celebram o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (20/11) com conteúdo especial sobre os quilombos e a luta pela garantia dos direitos dessas comunidades.

Além disso, as capas das redes foram personalizadas com uma arte inspirada na temática, com grafismos africanos que simbolizam a luta pela igualdade e justiça. Acompanhe nossas redes sociais e confira posts, vídeos e materiais exclusivos.

 

Íntegra da Ação Civil Pública

Ação Civil Pública n.º 1077955-43.2024.4.01.3700

Inquérito Civil Público n.º 1.19.000.001362/2024-76

 

Concurso Público Nacional Unificado: quando sairão os resultados? Confira o novo cronograma

Os resultados finais do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) devem ser divulgados em 11 de fevereiro de 2025, conforme divulgou o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). Na previsão inicial, os resultados seriam divulgados na quinta-feira (21).

Segundo o MGI, a União firmou acordo judicial para garantir a continuidade do certame, a partir da reabilitação de 32.260 novos candidatos que devem ter suas provas discursivas corrigidas. Sendo assim, todos os candidatos já habilitados permanecem no concurso.

Entenda o adiamento dos resultados 

Alguns candidatos não completaram todo o processo de identificação do tipo de prova no cartão de respostas e isso acarretou eliminação dessas pessoas. Porém, o acordo evitou a eliminação desses candidatos, tendo em vista que é possível identificar o tipo de prova por outros critérios.

A decisão garante, ainda, a correção – em quantidade equivalente a dos candidatos de ampla concorrência – das provas discursivas e redações de candidatos que concorrem a vagas reservadas para negros que atingiram a nota mínima.

Em função do acordo, foi estabelecido um novo cronograma para o chamado Enem dos concursos.

Confira o novo cronograma do CNU:

  • 25/12/2024 – divulgação dos resultados das provas objetivas para os candidatos incluídos;
  • 4 e 5/12/2024 – envio de títulos;
  • de 6/12/2024 a 10/01/2025 – análise de títulos;
  • 9/12/2024 – divulgação das notas preliminares das provas discursivas e redações;
  • 9 e 10/12/2024 – interposição de pedidos de revisão das notas das provas discursiva e redações;
  • 20/12/2024 – divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas das provas discursivas e redações;
  • 23/12/2024 – convocação para o procedimento de verificação da condição declarada para concorrer às vagas reservadas aos candidatos negros;
  • 6 a 10/01/2025 – perícia médica (avaliação biopsicossocial) dos candidatos que se declararem com deficiência;
  • 11 e 12/01/2025 – procedimento de verificação da condição declarada para concorrer às vagas reservadas aos candidatos negros e indígenas;
  • 15/01/2025 – resultado preliminar da avaliação de títulos;
  • 15 e 16/01/2025 – prazo para entrar com recurso contra resultado preliminar da avaliação de títulos;
  • 17/01/2025 – divulgação dos resultados preliminares da avaliação da veracidade da autodeclaração de candidatos concorrentes às vagas para negros e indígenas e da avaliação biopsicossocial de quem se declarou com deficiência;
  • 17 e 18/01/2025 – prazo para interposição de recursos quanto aos resultados preliminares da avaliação da veracidade da autodeclaração prestada por candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros e indígenas e da avaliação biopsicossocial dos candidatos que se declararem com deficiência;
  • 11/02/2025 – divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas da avaliação de títulos;
  • 11/02/2025, previsão de divulgação dos resultados finais.