sábado, 1 de março de 2025

Governo brasileiro morde a isca

Envolvimento desnecessário do Itamaraty nas discussões entre a administração de Donald Trump e o STF pode se revelar um erro e deixar o Brasil sem capacidade de reação a pressões dos EUA Foto – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chanceler Mauro Vieira e o assessor para assuntos internacionais Celso Amorim (Foto: PR)

Rubens Barbosa
Presidente e fundador do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE).
É presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP,
presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo),
presidente do Centro de Defesa e Segurança Nacional (Cedesen) e fundador da Revista Interesse Nacional.
Foi embaixador do Brasil em Londres (1994–99) e em Washington (1999–04).
É autor de Dissenso de Washington (Agir), Panorama Visto de Londres (Aduaneiras),
América Latina em Perspectiva (Aduaneiras) e O Brasil voltou? (Pioneira), entre outros.
Publicado Interesse Nacional
28 fevereiro 2025


Era perfeitamente previsível que a disputa judicial envolvendo Elon Musk e o STF pudesse se desdobrar em novos capítulos, em função não só da posição que Musk ocupa hoje no governo dos EUA, como também pelo lobby da oposição (bolsonarista) contra o governo Lula nos EUA. O que surpreendeu foi o governo Lula deixar-se envolver nessa questão.

Nesta semana, uma empresa norte-americana, TMTC, (pertencente ao grupo Trump) e a plataforma de compartilhamento de vídeos Rumble abriram uma ação contra o ministro Alexandre de Moraes a propósito da questão entre Musk e o STF. A ação foi rejeitada por juíza na Flórida, mas a Justiça também determinou que a Rumble não tinha obrigação de cumprir nos EUA as decisões judiciais expedidas por Moraes. 

  • ‘Uma comissão do Congresso norte-americano aprovou projeto de lei que cria sanções (cassação do visto) contra o ministro Alexandre de Moraes’

Na mesma linha, uma comissão do Congresso norte-americano aprovou projeto de lei (No Censors on our Shores Act) que cria sanções (cassação do visto) contra o ministro Alexandre de Moraes. O projeto ainda não foi aprovado pelo plenário. Nas redes sociais, por outro lado, Musk teria sugerido o confisco de bens de Moraes nos EUA.

Nesta semana, o Departamento do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado emitiu nota em que trata da questão da liberdade de expressão genericamente, sem mencionar explicitamente a disputa entre Musk e Moraes. 

“Respeito pela soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA por se recusarem a censurar indivíduos que lá vivem é incompatível com valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão”.  

  • ‘A resposta deveria ter sido divulgada pelo STF e não pelo Itamaraty para evitar o envolvimento político do governo Lula’

Essa nota não poderia ficar sem resposta, no mesmo tom e na mesma generalidade. A resposta deveria ter sido divulgada pelo STF e não pelo Itamaraty para evitar o envolvimento político do governo Lula.

O STF e o Palácio do Planalto vestiram a carapuça e forçaram o Itamaraty a emitir nota, cuja versão final, tudo indica, não foi de autoria do Itamaraty, politizando o assunto. 

Manifestando surpresa pela Nota do Departamento de Estado (inexato foi do Departamento do Hemisfério Ocidental), o Itamaraty rejeita a tentativa de politizar o assunto (a nota americana não entra em detalhes), afirma que o documento distorce o sentido da decisão do STF (não mencionado na nota americana) e conclui fazendo alusão aos atos de 8 de janeiro, ao afirmar que o Estado brasileiro foi alvo de uma orquestração antidemocrática baseada na desinformação (questão não mencionada na nota americana).

  • ‘Ao divulgar a nota do Itamaraty, o governo brasileiro se envolve diretamente, politizando o assunto’

A ação privada, o projeto no Congresso americano e a nota do Departamento do Hemisfério Ocidental não se referiram ao governo brasileiro, mas somente direta ou indiretamente ao STF. Ao divulgar a nota do Itamaraty, o governo brasileiro se envolve diretamente, politizando o assunto. 

Se é que houve intenção de atrair o governo brasileiro para essa questão, o objetivo foi atingido. O governo brasileiro mordeu a isca e abriu uma confrontação com o governo norte-americano, que o Itamaraty procurou evitar para não ampliar a tensão com Washington e evitar um problema para o governo. 

  • ‘Sem cacife, o Brasil fica sujeito ao arbítrio de Trump que, além das medidas comerciais (tarifas), poderá escalar com outros tipos de restrições’

Sem cacife, o Brasil fica sujeito ao arbítrio de Trump que, além das medidas comerciais (tarifas), poderá escalar com outros tipos de restrições, sobretudo quando se pensa no próximo julgamento que envolverá o ex-presidente Bolsonaro. 

Sem canais diretos de comunicação com o alto escalão do governo Trump e do Departamento de Estado, Brasília tenta neutralizar o lobby oposicionista (bolsonarista) que está conseguindo influir no Congresso e nos centros de decisão do governo de Washington, com o apoio de personagens influentes como Elon Musk, Steve Bannon e congressistas republicanos.

É importante lembrar que, quando da ação recente de um escritório de advocacia londrino contra a Vale e a Samarco pelo desastre ecológico de Mariana, o governo brasileiro que estava indiretamente envolvido na questão negociando com as empresas a indenização às pessoas e aos municípios, o Itamaraty preferiu não interferir na disputa jurídica. 

O exemplo de Londres não foi seguido na disputa entre empresa privada americana, Congresso dos EUA e o STF. A questão ganha agora outro nível com o envolvimento dos governos dos EUA e do Brasil. 

A negociação sobre a tarifa sobre o aço poderá ficar afetada. Eventual escalada na tensão entre os dois países vai fazer o Itamaraty lamentar a divulgação da nota oficial do governo brasileiro, em resposta a nota do Departamento do Hemisfério Ocidental. 

 

Dr. Ajuda: consumo de álcool e qualidade do sono

Neste episódio, o Otorrinolaringologista e médico do sono Dr. George do Lago Pinheiro (CRM: 148.272/ SP | RQE: 58.432), explica sobre álcool e sono.

O consumo de álcool, embora ajude a pessoa adormecer rápido, prejudica a qualidade do sono. Isso acontece porque o álcool interfere nos ciclos do sono, especialmente na fase REM, fundamental para o descanso mental e físico.

Como resultado, a pessoa pode acordar cansada, mesmo após várias horas de descanso. Além disso, o álcool aumenta as chances de acordar durante a noite, tornando o sono fragmentado e de menor qualidade. 

Veja ao vídeo com a explicação do especialista:

Tenha acesso aos conteúdos do Doutor Ajuda. Acesse: www.portaldoutorajuda.com.br.



Covid-19: Fiocruz alerta sobre cuidados no Carnaval para evitar aumento de casos de complicações respiratórias

 No momento, não há no país nenhuma área de alto risco em relação à Covid-19, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Entretanto, o boletim Infogripe da instituição, alerta que a aglomeração de pessoas favorece a transmissão de vírus respiratórios e alguns cuidados são necessários para festejar em segurança.

Segundo a pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do Boletim InfoGripe, uma das orientações para aproveitar a folia de forma segura é evitar participar das festas caso apresente sintomas de síndrome gripal, como coriza, dor de garganta, febre ou tosse. A medida serve para não transmitir o vírus para outras pessoas e, assim, evitar aumento de casos de complicações respiratórias.

“Outra opção é curtir o Carnaval usando uma boa máscara e priorizando ambientes abertos”, disse Portella.

Além disso, a pesquisadora reforça no Boletim que outra recomendação importante é que todos estejam em dia com a vacinação contra a Covid-19, especialmente aqueles que compõem os grupos de risco, como idosos, crianças e pessoas com comorbidades.

Situação nacional

O InfoGripe, divulgado na quinta-feira (27), segue apresentando sinal de aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre crianças e adolescentes de até 14 anos, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e no estado de Sergipe.

Em contrapartida, a análise aponta tendência de estabilidade ou oscilação no número de novos casos de Covid-19, que atinge os mais idosos, principalmente em alguns estados das regiões Norte, Nordeste e em Mato Grosso.  

Conforme o Boletim, em 2025 já foram notificados 13.551 casos de SR AG, sendo 4.560 (33,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 6.188 (45,7%) negativos, e ao menos 1.828 (13,5%) aguardando resultado laboratorial.

Entre os casos positivos, 48,7% foram de SARS-CoV-2, ou seja, de Covid-19. 

Situação da Covid no seu estado e município

Acesse painel do Brasil 61, com dados extraídos do Ministério da Saúde, e consulte a situação da doença na sua localidade.

   

Carnaval

O Carnaval ocorre entre 3 e 5 de março, período marcado por grandes aglomerações e movimento populacional para diferentes estados e cidades. O infectologista  Manuel Palácios afirma que esse fluxo de pessoas aumenta significativamente o risco de transmissão de doenças respiratórias, incluindo a Covid-19. 

“O grande número de pessoas reunidas e a proximidade entre os indivíduos de convivência nos espaços fechados ou mal ventilados são fatores que contribuem para a propagação do vírus”, aponta Palácios.

Segundo o infectologista, a situação atual da Covid-19 no país requer atenção e cautela dos brasileiros, já que há risco de novas variantes começarem a circular com maior taxa de transmissibilidade. 

“A situação atual da Covid-19 no Brasil exige atenção. Embora o número de casos de óbitos esteja em níveis mais baixos em comparação aos picos da pandemia, a situação não pode ser subestimada. O principal risco neste momento é o comportamento de novas variantes do vírus, que podem ser mais transmissíveis, o que leva a um aumento nos casos”, afirma Manuel Palácios.  

Folias canceladas e retorno de máscara 

O aumento de casos de Covid vem sendo registrado em municípios do interior e preocupa gestores. Em Araguaína–TO, 231 novos casos foram confirmados no período de 13 a 19 de fevereiro – desses, 67 estão ativos e 45 casos são suspeitos. Em nota ao Brasil 61, a prefeitura do município informou que de 1° a 18 de fevereiro de 2025 foram registrados 360 casos de Covid-19 na cidade; já em fevereiro de 2024 foram registrados 419 casos.

A secretária de saúde de Araguaína, Ana Paula Abadia, afirmou que a pasta está monitorando os dados da Covid-19 para serem tomadas as decisões necessárias para a mitigação da doença no município. Entre as ações, a prefeitura decidiu cancelar o Carnaval na localidade e destinar os recursos do evento à saúde, como medida para conter o avanço da Covid-19. Os valores são na ordem de R$ 1,2 mi.

No Maranhão, um decreto da prefeitura de Amarante proibiu festejos de Carnaval, públicos e privados, por 15 dias. A justificativa é que a ação seja uma medida preventiva contra o aumento de casos de Covid-19.

Em função do avanço da doença no Tocantins, alguns municípios decretaram o retorno do uso obrigatório da máscara para alertar a população contra a doença. Segundo a Gazeta do Cerrado, os municípios são Sebastião, no Bico, Lajeado, Cristalândia e Babaçulândia. 

A Prefeitura de Embu das Artes, na Grande São Paulo, também determinou o retorno do uso obrigatório de máscara para os servidores da área da saúde e pacientes com sintomas respiratórios ou que tenham testado positivo para a Covid-19. A indicação é de que a máscara seja utilizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).