segunda-feira, 8 de setembro de 2025

UCRÃNIA ACUSA CÕNSUL RUSSO DE RECRUTAL MULHERES BRASILEIRAS PARA FABRICAS DE DRONES

A denúncia ucraniana contra um diplomata russo no Brasil expõe suspeitas de aliciamento de mulheres jovens para fábricas de drones militares, revelando como programas de intercâmbio podem esconder intenções ocultas em meio à disputa geopolítica entre Moscou e Kiev.

A política internacional sempre foi marcada por intrigas, acusações e disputas que ultrapassam fronteiras.

Entre movimentos diplomáticos e alianças econômicas, a guerra de narrativas ganha cada vez mais espaço no cenário global.

Agora, um episódio envolvendo o Brasil, a Rússia e a Ucrânia coloca o país no centro de uma polêmica internacional que mistura diplomacia, espionagem e suspeitas de exploração de jovens mulheres.

Acusação ucraniana coloca Brasil no foco

De acordo com informações do portal Metrópoles, a embaixada da Ucrânia no Brasil acusou o cônsul honorário da Rússia em Curitiba, Acef Antônio Said, de participar de um suposto esquema de recrutamento ilegal de brasileiras para fábricas de drones militares na Rússia.

A denúncia foi divulgada no dia 1º de setembro pela representação diplomática ucraniana em Brasília.

Segundo informações do Serviço de Inteligência Estrangeira da Ucrânia (SZR), o esquema faria parte do programa Alabuga Start, que recruta jovens de países em desenvolvimento com a promessa de oportunidades de trabalho e intercâmbio cultural em solo russo.

Contudo, conforme os ucranianos, essas mulheres estariam sendo direcionadas para linhas de produção de drones, usados pelo exército russo na guerra contra Kiev.

Quem é Acef Antônio Said

Acef Antônio Said é brasileiro e ocupa, desde 2016, o cargo de cônsul honorário da Rússia em Curitiba.

Diferente de diplomatas de carreira, representantes honorários têm atribuições limitadas e não necessariamente são cidadãos do país que os nomeia.

Normalmente, atuam em ações simbólicas de aproximação cultural e comercial.

Apesar disso, a acusação ucraniana afirma que Said estaria usando o cargo para atrair jovens brasileiras sob a justificativa de programas de “formação profissional” e “comunicação intercultural”.

Ainda não há provas públicas apresentadas para sustentar a denúncia, mas o caso ganhou repercussão internacional.

O que é o Alabuga Start

O programa Alabuga Start é apresentado oficialmente como uma iniciativa de intercâmbio profissional.

De acordo com informações divulgadas pela própria organização, jovens podem trabalhar em áreas como logística, serviços de hospitalidade, montagem e operação de linhas de produção.

As vagas têm duração de até dois anos e oferecem salário inicial de US$ 541 (cerca de R$ 2,9 mil).

O projeto já atraiu mulheres de 44 países, incluindo Brasil, Moçambique, Colômbia, Mali, Ruanda, Sudão do Sul e República Democrática do Congo.

Entretanto, denúncias surgiram desde 2023, quando ex-participantes relataram à agência Associated Press (AP) que foram enganadas com falsas promessas de emprego e direcionadas para fábricas militares na região do Tartaristão.

A Ucrânia afirma que esse seria o verdadeiro objetivo do programa: alimentar a indústria bélica russa.

Relação com o Brics

Outro ponto levantado pelos ucranianos é o uso de estruturas ligadas ao Brics para dar legitimidade ao Alabuga Start.

Em maio de 2024. Moscou sediou o II Fórum de Empreendedorismo Feminino do Brics, onde representantes da Aliança Empresarial de Mulheres do bloco (WBA) assinaram acordos com iniciativas russas.

Entre os compromissos, estava o envio de 5,6 mil mulheres sul-africanas para trabalhar em empresas vinculadas ao Alabuga Start, conforme publicado no site oficial da WBA.

Para Kiev, esse tipo de articulação serve como fachada para ampliar o recrutamento internacional.

O que já aconteceu no Brasil

Em outubro de 2023, Acef Antônio Said apresentou o Alabuga Start a autoridades municipais do Paraná.

O evento foi registrado em fotos publicadas nas redes sociais do consulado honorário russo em Curitiba.

Antes disso, materiais promocionais do programa também foram divulgados na página oficial da representação, vendendo a ideia como “uma oportunidade única de aprender a língua e a cultura russa”.

A denúncia ucraniana reaqueceu essas discussões e levantou dúvidas sobre a real intenção do cônsul e do programa.

Reações e silêncio diplomático

O portal Metrópoles entrou em contato com Acef Antônio Said, o Itamaraty e a embaixada da Rússia no Brasil.

Até o momento, nenhum dos lados respondeu às acusações.

O espaço segue aberto para manifestações oficiais.

Enquanto isso, a situação reforça as tensões diplomáticas entre Moscou e Kiev, que se intensificaram desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

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