sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Covid-19: nova variante XEC pode ser mais transmissível


 A nova variante XEC da Covid-19, encontrada no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Santa Catarina, tem maior potencial de transmissão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A informação foi confirmada pela virologista Paola Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

“A Organização Mundial de Saúde elevou essa linhagem XEC para uma variante sob monitoramento devido ao seu potencial de ser mais transmissível. Então rapidamente, em questão de meses, ela ganhou diferentes continentes, diferentes países, chegando ao Brasil e sendo detectado mais recentemente em três estados.”

A XEC foi identificada pela primeira vez em junho de 2024, com um aumento de casos na Alemanha, e, desde então, se espalhou rapidamente para 35 países da Europa, Américas, Ásia e Oceania. 

No Brasil, a nova variante foi identificada após a decodificação de sequências genéticas de duas amostras de swab nasal de pacientes diagnosticados com Covid-19 no Rio de Janeiro, em 26 de setembro e 7 de outubro. Depois, outros pesquisadores também identificaram a linhagem XEC em amostras de pacientes de São Paulo, coletadas em agosto, e em duas amostras de pacientes de Santa Catarina, coletadas em setembro.

Segundo a virologista Paola Resende, ainda é preciso entender melhor como será o comportamento dessa variante no Brasil.

“A princípio, não houve aumento do número de casos, nem de casos graves, nesses três estados onde essa variante já foi detectada. A Covid-19 continua sendo detectada, mas a níveis que não geram alerta desse aumento. Nossa população tem um certo background imunológico, uma memória imunológica, diferentemente de outras populações ao redor do mundo. Por exemplo, aqui circulou altamente a variante de preocupação Gama P.1, que em outras regiões do mundo não teve tanto sucesso.”

Características da XEC

A nova linhagem XEC faz parte da família Ômicron e pode ter surgido a partir da combinação genética de outras cepas. Isso acontece quando um indivíduo é infectado por duas linhas virais ao mesmo tempo. A infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica como essa nova linhagem pode ter surgido.

“Sabemos que as variantes vão surgindo de combinações de outras linhagens que existem e ela recombina dois vírus da linhagem JN.1, que é a que estava circulando aqui entre nós e também circulava no hemisfério norte.”

Segundo a infectologista Raquel Stucchi, as vacinas que estão disponíveis atualmente para a população são capazes de proteger contra a linhagem XEC. “A expectativa é que sim. Como ela é derivada da variante JN.1, as vacinas que nós temos devem, sim, conferir uma proteção também contra esta variante”, esclarece.

Segundo a virologista da Fiocruz Paola Resende, apesar de ter maior capacidade de transmissão, “isso não significa que é uma variante grave e também não significa que é uma variante que escapa da resposta imune”.

A OMS possui um grupo consultivo técnico para tratar sobre a imunização contra o coronavírus, que se reúne duas vezes por ano. No último mês de abril, o grupo recomendou uma reformulação das vacinas com base na linhagem JN.1. A próxima reunião deve acontecer em dezembro.

Monitoramento

Apesar do alto potencial de transmissibilidade da XEC, o monitoramento da Fiocruz mostra que a linhagem JN.1 ainda predomina entre os casos no Brasil, desde o final do ano passado. 

A virologista da Fiocruz Paola Resende reforça a importância de manter o monitoramento constante da dinâmica das variantes do coronavírus.

“A vigilância genômica é uma importante ferramenta para o monitoramento da circulação e emergência de novas variantes e ela precisa continuar de forma homogênea no país. O Ministério da Saúde tem um acordo com notas técnicas, manuais, guias de vigilância genômica, que tem alguns critérios que elegem algumas amostras positivas para o SARS-CoV-2 para serem sequenciadas dentro da rede nacional de sequenciamento genômico.”

Segundo a especialista, apesar dos esforços, ainda há muitos desafios na coleta de amostras de infectados, “uma vez que os casos, em geral, são brandos e acabam não chegando nos laboratórios centrais ou acabam sendo só testados por testes rápidos de antígeno”.

O Guia de Vigilância Genômica do SARS-CoV-2 do Ministério da Saúde está disponível no link.




quinta-feira, 17 de outubro de 2024

CAROLINA – MPMA requer aplicação de multa contra Município e prefeito por descumprimento de ordem judicial


O Ministério Público do Maranhão, por meio da Promotoria de Justiça de Carolina, acionou o Judiciário, no último dia 5 de outubro, para que sejam aplicadas punições contra o Município de Carolina, o prefeito Erivelton Neves e o secretário municipal de Educação, José Ésio Oliveira da Silva, em virtude do descumprimento de medidas judiciais que os obrigavam a regularizar o serviço de transporte escolar.

O Município recorreu da decisão inicial, que é de janeiro de 2024, mas a Justiça indeferiu. Apenas aumentou o prazo de execução para seis meses, que também já expirou, sem que as providências tenham sido adotadas.

Autor do pedido incidental de cumprimento de medida liminar, o promotor de justiça Marco Túlio Rodrigues Lopes requereu a aplicação de multa diária no valor de R$ 15 mil, em caráter pessoal, contra o prefeito e o secretário; o bloqueio de R$ 1 milhão nas contas do Município e o afastamento dos requeridos de seus cargos por 180 dias, como medida necessária para resguardar os direitos constitucionais e garantir o cumprimento de ordens judiciais.

Neste novo pedido, o membro do Ministério Público solicitou que, diante do reiterado desrespeito da Prefeitura de Carolina às determinações da Justiça, o bloqueio seja efetuado sobre quaisquer verbas públicas municipais destinadas a festas, comemorações, carnaval, incluindo a contratação de artistas ou bandas, serviços de bufê e montagem de estruturas. Também requereu que sejam vedados gastos com publicidade/propaganda referentes à municipalidade, enquanto não for solucionado o problema do transporte escolar.

ENTENDA O CASO

No julgamento de uma Ação Civil Pública, ajuizada pela Promotoria de Carolina, o juiz Mazurkiévicz Saraiva de Sousa Cruz, em 24 de janeiro de 2024, deferiu liminar para que, no prazo de 10 dias úteis, os requeridos regularizassem a prestação do serviço de transporte escolar em todo o Município de Carolina. Em caso de descumprimento, foi fixada multa diária no valor de R$ 10 mil, a ser revertida para o Fundo Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente.

A medida determinou, ainda, a proibição do emprego de qualquer veículo irregular, a exemplo dos paus-de-arara, ou que esteja fora de condições ideais de funcionamento, além da substituição dos carros em condições precárias por outros em perfeitas condições, dotados de acessibilidade para pessoas com deficiência.

Os requeridos também ficaram obrigados à prestação de serviço integral, regular, gratuita, eficiente, segura e ininterrupta, bem como a assegurar que, tanto na zona rural quanto na área urbana, todos os alunos tenham acesso às escolas públicas; a evitar a superlotação, ficando estabelecido que em todos os veículos deverá ter quantidade condizente de assentos com o número de alunos; e a comprovar que todas as rotas possuem, além do motorista, dois monitores dentro do veículo (se for ônibus) e um monitor (se for veículo pequeno).

Redação: CCOM-MPMA

Outubro Rosa: 6 em cada 10 brasileiras dizem saber como prevenir câncer de mama, diz pesquisa


O tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil — o de mama — têm em outubro diversas ações para promover e estimular o diagnóstico precoce e o autocuidado para prevenir a doença. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), até 2025 devem ser diagnosticados cerca de 73 mil novos casos de câncer de mama no país, com uma taxa de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. A doença causa mais de 18 mil mortes por ano, no país.

Apesar da grande força que a campanha Outubro Rosa vem ganhando ao longo dos anos, uma pesquisa revela que seis em cada dez brasileiras dizem conhecer formas de prevenção contra o câncer de mama, mas o levantamento também mostrou que essas mulheres têm dificuldades em diferenciar o que é mito do que é verdadeiro acerca da doença. As conclusões são da pesquisa feita pela AC Camargo em parceria com a Nexus — Pesquisa e Inteligência de Dados.

Sobre o levantamento

Foram ouvidas 1.036 mulheres, entre 16 e  60 anos, de todas as unidades da federação, entre 18 e 24 de setembro. 59% delas disseram já ter feito o autoexame de toque e 53% das entrevistadas já fizeram uma mamografia. Mas a pesquisa revela que 28% nunca fizeram nenhum dos dois, sendo que 25% delas têm mais de 40 anos — justamente a faixa etária com maior incidência de risco da doença. 

Para a vice-líder do Centro de Referência em Tumores da Mama, Solange Sanches, problemas relacionados à informação ainda precisam ser resolvidos.
  
“As pessoas estão informadas, mas existem muitos gaps ainda, muitas informações e muitas necessidades ainda não atendidas que chegaram de uma forma não tão correta ou parcialmente correta.”

Verdade ou mito?

Para testar o conhecimento das entrevistadas sobre a doença, a pesquisa citou quatro afirmações, que chegaram às seguintes conclusões: 

  • Amamentar diminui a chance de ter câncer de mama?

Correto. No período de amamentação, alguns processos promovem a eliminação e a renovação de células que poderiam ter lesões em seu material genético, reduzindo a incidência da enfermidade, explica o INCA. 

Mas menos da metade, 47% das mulheres, responderam que “sim”. 

Entre as que não sabem ler ou escrever, 57% concordaram com a frase, seguidas por 50% que estudaram até o ensino fundamental. O indicador cai para 43% entre quem estudou até o ensino médio e fica em 46% para o ensino superior.

Mas a pesquisadora Solange Sanches ressalta que apesar de parte das mulheres ter essa informação correta, ainda é preciso saber mais. 

“A gente tem que colocar que, além da amamentação, existem fatores de maior peso, como fazer atividade física, reduzir obesidade, atenção com reposição hormonal e pílula anticoncepcional sem controle. Então tudo isso caminha nesse sentido.” 

  • Reposição hormonal pode causar câncer de mama

Correto. Segundo o INCA, a terapia de reposição hormonal — comumente usada para aliviar os sintomas da menopausa — pode aumentar o risco do câncer de mama. 

Menos da metade, 42%, responderam que “sim”. 

Tanto entre as que não sabem ler ou escrever, quanto no grupo que estudou até o ensino fundamental, 51% concordaram com a frase. O indicador cai para 39% para quem estudou até o ensino médio e fica em 32% para o ensino superior.

  • Colocar silicone aumenta a chance de ter câncer de mama

Falso. O carcinoma, que é o câncer de mama mais comum, correspondente a mais de 95% dos casos, não tem maior incidência entre quem tem prótese de silicone.

43% das entrevistadas acertaram, mas outros 42% pensam que sim, existe relação entre a prótese e a doença, o que não procede. 61% das mulheres com ensino superior dizem que a frase é falsa, seguidas por 45% entre aquelas com ensino médio e 27% para ensino fundamental. No grupo que não sabe ler e escrever, são 34%.

  • Fazer autoexame regularmente garante que você não terá câncer de mama

Falso. Para a pesquisadora Solange Sanches, chama a atenção a alta porcentagem de mulheres que acreditam que o autoexame das mamas é um método para fazer o diagnóstico do câncer de mama.  

“A gente tem que entender que nós temos que encontrar esse câncer de mama quando ele ainda não é palpável, e nisso, somente os programas de rastreamento — como a mamografia a partir dos 40 anos — que vão conseguir aumentar essas taxas de diagnóstico de câncer de mama antes que possa ser palpável o nódulo.” 

A pesquisa mostrou que 58% das mulheres consideram falsa a afirmação de que “fazer autoexame regularmente garante que você não terá câncer de mama”. 

Sobre esse aspecto, quanto maior a escolaridade, maior o conhecimento. Entre as brasileiras com ensino superior, 72% disseram que a afirmação é falsa, seguidas por 64% com ensino médio, 43% para ensino fundamental e 39% entre quem não sabe ler e escrever.

A servidora pública Carolina Torelly, de Brasília, tem 46 anos e sabe a importância dos cuidados nessa fase da vida da mulher. 

“Independentemente desses mitos, o que a gente tem que estar sempre atento é aos sinais do nosso corpo. Não basta só fazer o autoexame, é importante também, uma vez por ano, principalmente depois dos 40, procurar um mastologista, fazer uma mamografia e estar sempre atento. O câncer de mama é muito traiçoeiro, a gente não consegue saber quando ele acontecer. Fazer esses exames podem fazer toda a diferença no tratamento.” 

Outros fatores

Excesso de peso, falta de atividade física e consumo de bebidas alcoólicas, assim como fatores genéticos e endócrinos ou relativos à história reprodutiva, além da idade e da exposição à radiação ionizante, têm, sim, influência no aumento do risco de câncer.