quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Palácio das Lágrimas, em São Luís (MA), receberá cerca de R$ 6 milhões do PAC


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a UFMA assinaram, no dia 13 de setembro, a ordem de serviço para o início das obras de restauração do Palácio das Lágrimas, no Centro Histórico de São Luís–MA. Serão destinados cerca de R$ 6 milhões em recursos, como parte das ações do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) no Maranhão. 

A cerimônia foi realizada no prédio da reitoria da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e contou com a presença do diretor do Departamento de Ações Estratégicas e Intersetoriais (Daei) do Iphan, Daniel Sombra; da superintendente do Iphan no Maranhão, Lena Brandão; do reitor da UFMA, Fernando Carvalho; e de representantes da Fundação Sousândrade. 

(Foto: Daniella Castro)
(Foto: Daniella Castro)



















As obras do Palácio das Lágrimas serão executadas pela UFMAproprietária do prédio histórico. A previsão é que as intervenções sejam concluídas em 18 meses. O local deve abrigar, no futuro, a Escola de Música da universidade. A parceria entre o Iphan e a UFMA busca fortalecer tanto a preservação do Patrimônio Cultural
quanto o desenvolvimento da educação, além de atrair novos investimentos em inovação e turismo no centro da capital maranhense. 

A assinatura da ordem de serviço de um dos edifícios mais emblemáticos da cidade marca um momento importante para a comunidade. “Desde 2023 temos retomado mais ações com a universidade, totalizando cerca de R$ 18 milhões que o Iphan tem destinado para a realização de importantes intervenções”, pontuou o diretor do Departamento de Ações Estratégicas e Intersetoriais (Daei) do Iphan, Daniel Sombra. 

"O retorno do Palácio das Lágrimas representa um ganho significativo tanto para o patrimônio edificado da cidade quanto para a população, que anseia por sua revitalização", destacou a superintendente do Iphan no Maranhão, Lena Brandão. 

Para o reitor da UFMA, Fernando Carvalho, momento representa mais uma parceria de sucesso. “Após um período em busca de recursos, conseguimos estabelecer esta parceria com o Iphan, crucial para o retorno das atividades da universidade nesse prédio e, com certeza, marcará um avanço significativo para nossa instituição". 

A obra visa adaptar o imóvel a um novo uso, preservando suas características originais. As intervenções incluem adequações arquitetônicas, recuperação de esquadrias e pisos de madeira, além da restauração de elementos históricos, como os ladrilhos hidráulicos. Também serão realizadas as instalações elétricas, de climatização e de combate a incêndio, respeitando as normas de preservação do patrimônio.

(Foto: Daniella Castro)
(Foto: Daniella Castro)










Lendas e histórias do Palácio das Lágrimas 

O Palácio das Lágrimas foi construído no início do século XIX e demolido ao final do mesmo século, para dar lugar a um edifício que deveria sediar um instituto de ensino superior. O espaço então, passou a ser utilizado pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal do Maranhão por muitos anos. 

O edifício recebeu esse nome por conta das lendas e histórias que, até hoje, alimentam o imaginário popular. Mário Meireles, no seu livro São Luís - Cidade dos Azulejos, relata que o nome Palácio das Lágrimas foi dadporque ali morava um homem de boas posses que mantinha, no terceiro andar do prédio, um harém formado por suas jovens escravas. 

Uma delas atraiu a paixão de um dos escravos que, por não ser correspondido, decidiu envenenar os dois filhos do senhor e esconder o vidro com os restos do veneno nos pertences da jovem, para que assim fosse acusada e condenada à morte. Ao ser levada à forca, a escrava chorava muito, chegando a molhar os degraus da escada do sobrado. Segundo a lenda, desde então, os degraus amanheciam molhados todas as manhãs e, no imaginário popular, eram as lágrimas da escrava injustiçada. 

Já o livro Guia de São Luís do Maranhão, de Jomar Moraes, apresenta a lenda de dois irmãos portugueses que resolveram “fazer a América”, chegando até o Maranhão. Um deles, comerciante, enriqueceu muito, enquanto o outro permaneceu pobre. O irmão pobre, com inveja, assassinou o rico, buscando herdar sua fortuna, já que este não possuía herdeiros legítimos. No entanto, o homem morto teve vários filhos com uma escrava, e um deles, revoltado com o assassinato do pai, arremessou o tio de uma das janelas do prédio, causando sua morte. Por ser escravo, o jovem foi condenado à morte na forca. Em direção ao seu destino, o condenado proferiu como últimas palavras: “Palácio, que viste as lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos, daqui por diante, serás conhecido como Palácio das Lágrimas. 

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