terça-feira, 19 de agosto de 2025

Subordinação do Brasil a plataformas estrangeiras ameaça a soberania nacional: R$ 23 bilhões gastos com licenças em serviços estratégicos como satélites e datacenters

  

Mapa do Brasil preso por correntes digitais representando a dependência tecnológica do país de big techs como Amazon, Google, Microsoft, Oracle e Red Hat.

A dependência e consequente subordinação do Brasil a plataformas estrangeiras fornecedoras de tecnologia em áreas estratégicas, como datacenters, satélites, cabos submarinos, chips, sistemas de inteligência artificial e hospedagem, apresenta risco à soberania nacional do país.

A conclusão é de um estudo feito por pesquisadores da USP e UnB publicado em julho.

Segundo o estudo, de 2014 a 2025 foram gastos ao menos R$ 23 bilhões pelo setor público no pagamento de licenças de softwares, soluções de cloud (nuvem), aplicações de segurança e serviços similares de plataformas estrangeiras

Entretanto, o número pode ser ainda maior, já que não está ajustado pela inflação. Além disso, grande parte dos contratos não é feita diretamente com as big techs, mas sim por meio de intermediários e revendedores nacionais, o que dificulta o rastreio.

Soberania digital do Brasil em risco iminente

Para os pesquisadores, é essa perda do domínio das tecnologias críticas, como tecnologia nuclear e indústria militar, que ameaça a chamada soberania digital do Brasil, apesar de haver avanços como a Lei do Marco Civil da Internet, projeto de cabos submarinos alternativos e novas estatais e empresas nacionais.

“Hoje, o Brasil vive uma situação que se assemelha a um feudalismo digital, no qual plataformas como Google, Microsoft e Amazon atuam como senhores digitais. Elas mediam interações sociais, políticas e econômicas, monopolizando a inclusive a prestação de diversos serviços e políticas públicas à dependência de uma aplicação gerida por elas”.

O estudo afirma que essas big techs não são apenas agentes econômicos, mas também políticos, “com capacidade de moldar padrões técnicos, definir nomes de conduta e influenciar decisões estratégicas de governos”.

Especialistas em Direito Internacional e Relações Internacionais apontam, inclusive, que são as big techs as responsáveis diretas pelo recente tarifaço político de 50% de Trump contra o Brasil

As plataformas estrangeiras, que financiaram a campanha do republicano, estariam preocupadas com as regulações em curso no país e também na União Europeia

Continuam precisando lidar com o escândalo denunciado pelo influenciador Felca e pela Reuters.

Quais as plataformas estrangeiras mais beneficiadas por contratos com o Brasil?

Dos R$ 23 bilhões apurados pelos estudiosos da USP e UnB, R$ 4,6 bilhões foram gastos pelo governo federal de junho de 2024 a junho de 2025, R$ 3,7 bilhões pelos Estados e R$ 2 bilhões pelas prefeituras nesse mesmo período.

Microsoft (R$ 3,3 bilhões), Oracle (R$ 1,02 bilhão), Google (R$ 938,8 milhões) e Red Hat (R$ 909,2 milhões) teriam sido as big techs mais beneficiadas pelos contratos.

Contudo, a SpaceX também tem vários contratos com o setor público brasileiro, inclusive Exército e Marinha, e conseguiu aprovação recente para a Starlink operar milhares de satélites adicionais no Brasil mesmo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) admitindo risco à soberania nacional.

Valor bilionário deveria estar sendo investido em pesquisadores brasileiros e tecnologia nacional

O estudo denuncia que o valor exorbitante gasto com plataformas estrangeiras deveria estar, na verdade, sendo investido no fortalecimento da indústria nacional de software, na formação de mão de obra qualificada ou no desenvolvimento de soluções abertas e interoperáveis.

Para os pesquisadores, “ao delegar infraestrutura crítica a fornecedores globais, o setor público brasileiro compromete sua autonomia tecnológica, reduz sua capacidade estratégica, compromete sua capacidade defensiva e bloqueia o surgimento e fortalecimento de soluções públicas nacionais baseadas em soberania digital”.

“À parte os riscos à soberania nacional em sentido amplo, uma enorme possibilidade de promoção do desenvolvimento econômico e geração de emprego qualificado é desperdiçada”.

De quem é a culpa da subordinação do Brasil a plataformas estrangeiras?

A publicação não aponta diretamente um culpado por essa subordinação do Brasil a plataformas estrangeiras fornecedoras de tecnologia.

Segundo os estudiosos, a responsabilidade não pode ser colocada na conta de um único agente ou governo, por se tratar da “continuidade de uma tendência histórica que vem dos primórdios do uso de tecnologia da informação pelo Estado brasileiro”.

“As condições de subordinação, dependência tecnológica e as práticas que as sustentem tornaram-se naturalizadas. São aceitas pelos sucessivos governos, nos três níveis da federação, pelos três poderes, pela sociedade em geral. Fazem parte das estruturas mentais de boa parte dos técnicos e gestores públicos de tecnologia”.

Conforme os pesquisadores, boa parte das lideranças sequer percebe o problema.

“E, de certa maneira, mascaram interesses, nem sempre explicitados, nem sempre deliberadamente perseguidos”.

Recomendações ao Brasil para se livrar da subordinação a plataformas estrangeiras

Ao final do estudo, os pesquisadores fizeram 10 recomendações para o Brasil, aos poucos, se livrar da dependência das plataformas estrangeiras. Confira:

1 – Criar um programa nacional de fomento à soberania digital ancorado nas universidades públicas e nos centros de pesquisa federais

2 – Instituir uma nuvem pública federada, ancorada em universidades e operada com recursos públicos, como base da infraestrutura do Estado.

3 – Priorizar, nas compras públicas de TIC, soluções desenvolvidas por instituições brasileiras, com licenciamento aberto e operação sob jurisdição nacional

4 – Restringir a terceirização de dados estratégicos da defesa nacional e garantir que toda a infraestrutura digital militar opere sob soberania brasileira.

5 – Consolidar a ALADA como operadora da infraestrutura orbital brasileira, com controle público e uso estratégico

6 – Estabelecer metas de conteúdo nacional mínimo em tecnologias de defesa e conectividade, com financiamento público estruturado e planejamento industrial de longo prazo.

7 – Criar um marco regulatório ambiental e energético para data centers, com métricas obrigatórias e metas progressivas de eficiência.

8 – Condicionar regras de uso prioritário e licenças para data centers ao uso de energia renovável e à implementação de sistemas de recuperação de calor.

9 – Unificar as plataformas de compras públicas de TIC sob padrões abertos, com rastreabilidade, interoperabilidade e transparência integral.

10 – Instituir um Plano Nacional de Soberania Digital com metas intersetoriais, orçamento dedicado para execução contínua, governança multinível com centralidade estratégica e participação da sociedade, e sistema de monitoramento das decisões públicas em tecnologia, com métricas e indicadores universais e transparentes.

domingo, 17 de agosto de 2025

DISPUTA ENTRE PERU E COLOMBIA POR TERRITORIO AMAZONICO FAZ BRASIL ENVIAR TROPAS PARA A FRONTEIRA

 

Brasil se move para proteger fronteira enquanto militares do Peru e da Colômbia disputam território - a ilha de Santa Rosa.

A crise política e militar que se desenrola na América do Sul ganhou um novo capítulo e envolve diretamente o Brasil. O governo decidiu reforçar a presença de tropas na fronteira amazônica, depois que o conflito territorial entre Peru e Colômbia pela posse da ilha de Santa Rosa colocou em risco a estabilidade da região. A medida é preventiva, mas revela a preocupação de Brasília com a escalada das tensões entre os vizinhos.

Brasil age para proteger sua fronteira

O Ministério da Justiça prorrogou por mais três meses a permanência da Força Nacional de Segurança Pública em Tabatinga–AM, cidade brasileira que faz limite direto com Letícia, na Colômbia, e fica a poucos metros de Santa Rosa, território reivindicado pelo Peru.

A missão dos agentes brasileiros é apoiar a Polícia Federal no policiamento da área e garantir que os atritos entre colombianos e peruanos não respinguem em solo brasileiro. A região trinacional é marcada por intensa circulação de pessoas, comércio e integração cultural, mas a disputa recente trouxe insegurança.

Segundo nota oficial do Ministério da Justiça, a presença da Força Nacional busca “preservar a ordem pública, proteger os moradores da região e impedir que a crise internacional ultrapasse os limites da fronteira brasileira”.

O que está em jogo em Santa Rosa, formação sedimentar no rio Amazonas que abriga cerca de 3 mil habitantes

No centro da polêmica está a ilha de Santa Rosa, uma formação sedimentar no rio Amazonas que hoje abriga cerca de 3 mil habitantes. Em junho de 2025, a presidente peruana Dina Boluarte anunciou o reconhecimento oficial da ilha como parte do território peruano, incorporando-a ao distrito de Santa Rosa de Loreto.

Na ocasião, tropas foram enviadas para hastear a bandeira nacional, gesto que gerou forte reação da Colômbia. O presidente Gustavo Petro declarou que não reconhece a soberania peruana sobre a ilha e acusou Lima de violar tratados fronteiriços.

“O Peru não vai ceder nenhum centímetro de sua soberania sobre o território disputado”, afirmou Dina Boluarte durante visita à comunidade, em ato simbólico acompanhado de bandeiras e do hino patriótico Contigo Peru.

Enquanto isso, Bogotá reforçou o efetivo militar em Letícia, cidade vizinha à ilha, e deixou claro que não aceitará mudanças unilaterais nas fronteiras já reconhecidas.

Disputa diplomática ganha tons militares

O embate entre Peru e Colômbia ultrapassou rapidamente o campo diplomático. Bandeiras peruanas foram fincadas em Santa Rosa, militares colombianos se concentraram em Letícia e o clima passou a lembrar uma guerra de posições.

Especialistas em relações internacionais lembram que a ilha não existia quando os tratados bilaterais foram assinados, o que abre brecha para interpretações diferentes sobre a soberania. Para Lima, trata-se de uma extensão natural da ilha Chineria, tradicionalmente peruana. Para Bogotá, é um território novo que não pode ser incorporado sem negociação.

Segundo análise do Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais, disputas como essa evidenciam fragilidades históricas da América do Sul, onde ainda existem dezenas de pontos de fronteira indefinidos ou mal resolvidos.

Além da disputa pela ilha de Santa Rosa, a América do Sul enfrenta outras crises territoriais

Além da disputa pela ilha de Santa Rosa, a América do Sul enfrenta outras crises territoriais. A mais notória é a de Essequibo, entre Venezuela e Guiana, que já gerou preocupação nas Forças Armadas brasileira pelo risco de desestabilização regional.

Outro ponto citado em debates recentes é o sul do continente, onde até mesmo o Uruguai já levantou questionamentos sobre áreas de fronteira com o Brasil. Esses episódios mostram que o mapa sul-americano continua longe de ser um consenso definitivo.

O papel do Brasil no equilíbrio regional

Ao enviar militares da Força Nacional, o Brasil busca mostrar que não ficará neutro diante de um conflito que pode afetar diretamente seus cidadãos na fronteira amazônica. Essa decisão também reforça a imagem de liderança regional que o país tenta assumir em meio às disputas vizinhas.

O governo destaca que o objetivo não é intervir no conflito entre Peru e Colômbia, mas sim garantir a segurança em território nacional. Na prática, no entanto, essa movimentação aumenta a presença brasileira no cenário diplomático sul-americano, já pressionado pela instabilidade política em vários países.

E você, o que pensa sobre essa decisão do Brasil de enviar tropas à fronteira? Acha que foi uma medida necessária ou exagerada? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe esta publicação para que mais pessoas entendam o que está acontecendo na Amazônia.

sábado, 16 de agosto de 2025

SERAG: SÃO LUIS E MAIS 6 CAPITAIS TEM AUMENTO DA SINDROME RESPIRATÓRIA

 

O mais recente Boletim InfoGripe da Fio cruz aponta que o número de casos de Síndrome Respiratória Grave (SRAG) tem aumentado entre crianças na região Nordeste e no Amazonas. Os estados nordestinos que apresentaram alta foram Bahia, Rio Grande do Norte e Paraíba. O crescimento ocorre nas crianças e adolescentes de até 14 anos, causados pelo vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus, na população infantil de até 2 anos, e pelo rinovírus na faixa etária de 2 a 14 anos.

A análise é referente ao período de 3 a 9 de agosto e o documento informa que na Bahia e na Paraíba o crescimento está associado ao rinovírus. Já um leve aumento de SRAG foi observado nas crianças de até 2 anos no Amazonas, Bahia e Paraíba relacionados ao VSSERAGR e rinovírus. Na Paraíba também há um sinal de aumento dos casos de SRAG entre os idosos, associado à Covid-19.

Conforme o Boletim da Fio Cruz, sete das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco, considerando as últimas duas semanas. Confira as capitais:

  • Cuiabá–MT;
  • João Pessoa–PB;
  • Maceió–AL;
  • Manaus–AM;
  • Natal–RN;
  • Salvador–BA;
  • São Luís–MA.

Diante do contexto de aumento de notificações por SRAG, a pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fio cruz e do InfoGripe, Tatiana Portella, destaca medidas que podem contribuir para a redução dos casos e proteção coletiva contra vírus respiratórios.

“O uso de máscaras dentro dos postos de saúde, em locais fechados e com maior aglomeração de pessoas. Em caso de aparecimento de sintomas de gripe ou resfriado, o ideal é ficar em casa em isolamento, evitando transmitir esses vírus para outras pessoas, mas se não for possível fazer esse isolamento, a gente pede para que a pessoa saia de casa usando uma boa máscara. E também é importante sempre manter uma etiqueta respiratória, como cobrir o nariz e a boca com braço ou lenço de papel, ao tossir ou espirrar, e também evitar compartilhar alguns utensílios de uso pessoal”, menciona.

Em relação à Covid-19 no país, a notificação dos casos de SRAG pelo vírus segue em baixa. No entanto, Ceará, Paraíba e Rio de Janeiro são estados que vêm mostrando sinais de alta nos registros de casos graves pelo vírus nas últimas semanas.

Portella reforça a importância da vacinação para a população, especialmente a vacina contra a Covid-19, “principal forma de proteção contra os casos graves e óbitos da doença”, diz.

Cenário epidemiológico no país 

O boletim mostra que 15 unidades da Federação também apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta, risco ou alto risco. No entanto, as UFs mencionadas não demonstram sinal de crescimento na tendência de longo prazo. Sendo: Acre, Alagoas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.

Em 2025, já foram notificados 155.412 casos de SRAG, sendo 53,4% com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Entre os casos positivos, 25,3% foram de influenza A e apenas 1,1% de influenza B., Por outro lado, 42,2% foram de vírus sincicial respiratório, 37% de rinovírus e 7,2% de SARS-CoV-2 (Covid-19).