O rádio como uma das ferramentas de comunicação mais poderosas do planeta foi o tema abordado no programa “Contraplano”, nesta terça-feira (07), na Rádio Assembleia (96.9). Para conversar sobre o assunto foram convidados o presidente da Associação Brasileira de Rádio Difusão Comunitária no Maranhão (Abraço-MA), jornalista Edwilson Araújo; o radialista e comunicólogo Saylon Sousa e o jornalista, radialista e escritor Lima Coelho.
Conduzida pelo jornalista Fábio Cabral, apresentador do programa, a conversa girou em torno de recortes do passado, reflexões sobre o presente e projeções para o futuro do Rádio como veículo de comunicação.
Inquiridos sobre se o rádio, de fato, morreu, os debatedores divergiram. “Acho que o governo não matou só o rádio, matou um veículo de intercâmbio social, porque o rádio AM levava a informação até o interior sem precisar de Internet. Hoje, a população que utilizava o rádio está isolada”, afirmou Lima Coelho.
Para Edwilson Araújo, o rádio está mais vivo do que nunca e se adaptando às novas tecnologias. “Dizer que o rádio morreu é uma expressão muito forte e não adequada para esse momento de virada tecnológica que estamos vivendo. O rádio está se abrindo e se incorporando às novas perspectivas, dando outros sentidos para a produção de novos produtos e intercâmbio com as plataformas que estão surgindo”, argumentou.
O comunicólogo Saylon Sousa disse que o rádio que se conhecia está morrendo, mas, paradoxalmente, está renascendo para novas perspectivas de comunicação. “A grande questão aí que fica entre morrer e ressuscitar o rádio somo nós, que consumimos. Como nós nos colocamos diante desse processo de transformação pelo qual passa o rádio. A grande questão aí é o lado humano dessa relação midiática”, ressaltou.
Políticas públicas
No entanto, os debatedores convergiram no sentido de que estão faltando políticas públicas que atendam aos segmentos da população que ficaram privados de ouvir rádio, fazendo sua inclusão no acesso às novas tecnologias de comunicação. “As camadas mais carentes da população não têm as informações. Não têm mais rádio nem internet. Quem suprimiu a rádio AM não se lembrou de garantir às pessoas mais carentes acesso às novas formas de se consumir o conteúdo do rádio”, assinalou Lima Coelho.
Já Edwilson advertiu que as camadas mais carentes da população vivem uma orfandade em termos de acesso às novas tecnologias de comunicação. “O direito à informação está sendo negado a essas pessoas. Isto é um problema que os governos precisam resolver”, assinalou.
Para Saylon, o processo de migração das rádios AM para FM, cujo prazo finda no final deste ano, vai deixar uma parcela significativa da população sem acesso ao rádio. “As emissoras de caráter nacional que podem continuar operando na frequência AM são muito poucas. Falta investimento público e empresarial para o surgimento de novas emissoras AM, que vão deixar de operar e causar prejuízos a muitas pessoas”, alertou o comunicólogo.
Papel do rádio
Quanto ao papel do rádio como veículo de comunicação, os debatedores também convergiram nas opiniões. “O rádio, hoje, tem o papel de conectar as pessoas e após informar como vimos recentemente com o caso do apagão”, afirmou Saylon.
Nesse contexto, Edwilson disse que o rádio deve continuar com seu papel educativo como tem sido desde o seu surgimento, mas também de entretenimento, noticioso e esportivo. “No período da pandemia, por exemplo, tivemos as rádio-aulas, que contribuíram para manter os alunos em dia com os conteúdos curriculares”, lembrou Edwilson.
Segundo Lima Coelho, na maioria das emissoras, hoje, a predominância é de programações mais comerciais. “O foco é atingir o grande público, conquistar a audiência, em detrimento de outras áreas do conhecimento, como o jornalismo”, frisou.
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