segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Do Alemão à Rocinha: por que o Exército não entra nas favelas do Rio de Janeiro? A polêmica sobre GLO, falta de efetivo e barreiras legais que travam operações militares

 

A ausência do Exército em comunidades cariocas envolve limitações jurídicas, dificuldades logísticas e o risco de expor moradores a constrangimentos, segundo relatos de ex-comandantes e especialistas em segurança pública.

A Rocinha é a maior favela do Brasil, localizada na zona sul do Rio de Janeiro, entre São Conrado e Gávea. Surgida nos anos 1920, abriga mais de 70 mil moradores, com comércio ativo e vida cultural intensa, mas enfrenta graves problemas de urbanização, violência e presença de facções criminosas. Imagem: IA

A discussão sobre por que o Exército não entra nas favelas do Rio de Janeiro ganhou força após relatos de ex-militares e especialistas em segurança pública. As operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) já foram empregadas em comunidades, mas encontram obstáculos legais e logísticos que dificultam ações efetivas. A falta de autorização para buscas domiciliares e o alto número de habitantes são alguns dos fatores que explicam o impasse.

Um exemplo citado envolve o Complexo do Alemão, que reúne cerca de 200 mil moradores distribuídos em diversas comunidades. Para ocupar uma área desse porte, seriam necessários pelo menos cinco mil homens em caráter permanente, o que se torna inviável diante do efetivo disponível. Além disso, a ausência de endereçamento formal — ruas sem nome e casas sem número — dificulta identificar locais exatos de mandados judiciais.

O Complexo do Alemão é um conjunto de cerca de 13 comunidades na zona norte do Rio de Janeiro, com população estimada em mais de 150 mil habitantes. Marcado por ruas estreitas e dezenas de acessos, tornou-se um dos principais focos da violência urbana no estado, com forte presença do tráfico de drogas. Apesar disso, possui comércio local ativo, iniciativas culturais e sociais, sendo um dos símbolos das dificuldades e contrastes das favelas cariocas.

Segundo relatos, juízes exigem informações específicas, como número da residência ou do lote, para autorizar buscas. Porém, em comunidades como a Rocinha, com 77 mil habitantes e vielas estreitas, essas informações simplesmente não existem. Essa barreira jurídica impede que fuzis e armas pesadas sejam localizados e apreendidos.

A legislação e os limites da GLO

A utilização das Forças Armadas em áreas urbanas ocorre por meio da GLO, que tem como principal missão garantir a ordem pública em situações de grave ameaça à segurança. Entretanto, a lei não permite que militares realizem vasculhamentos em residências sem ordem judicial, restringindo sua atuação ao patrulhamento ostensivo. Isso reduz a capacidade de confrontar organizações criminosas que se escondem dentro das casas.

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