A ausência do Exército em comunidades cariocas envolve limitações jurídicas, dificuldades logísticas e o risco de expor moradores a constrangimentos, segundo relatos de ex-comandantes e especialistas em segurança pública.
A discussão sobre por que o Exército não entra nas favelas do Rio de Janeiro ganhou força após relatos de ex-militares e especialistas em segurança pública. As operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) já foram empregadas em comunidades, mas encontram obstáculos legais e logísticos que dificultam ações efetivas. A falta de autorização para buscas domiciliares e o alto número de habitantes são alguns dos fatores que explicam o impasse.
Um exemplo citado envolve o Complexo do Alemão, que reúne cerca de 200 mil moradores distribuídos em diversas comunidades. Para ocupar uma área desse porte, seriam necessários pelo menos cinco mil homens em caráter permanente, o que se torna inviável diante do efetivo disponível. Além disso, a ausência de endereçamento formal — ruas sem nome e casas sem número — dificulta identificar locais exatos de mandados judiciais.

Segundo relatos, juízes exigem informações específicas, como número da residência ou do lote, para autorizar buscas. Porém, em comunidades como a Rocinha, com 77 mil habitantes e vielas estreitas, essas informações simplesmente não existem. Essa barreira jurídica impede que fuzis e armas pesadas sejam localizados e apreendidos.
A legislação e os limites da GLO
A utilização das Forças Armadas em áreas urbanas ocorre por meio da GLO, que tem como principal missão garantir a ordem pública em situações de grave ameaça à segurança. Entretanto, a lei não permite que militares realizem vasculhamentos em residências sem ordem judicial, restringindo sua atuação ao patrulhamento ostensivo. Isso reduz a capacidade de confrontar organizações criminosas que se escondem dentro das casas.
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