Bombardeios contínuos, fome extrema e colapso dos serviços básicos transformaram Gaza em um território devastado, onde civis enfrentam uma rotina de medo, destruição e incerteza, enquanto o número de mortos ultrapassa os 60 mil em menos de dois anos.
O prolongamento do conflito entre Israel e Hamas mergulha a Faixa de Gaza em uma devastação alarmante, revelando um colapso humanitário que desperta a atenção global.
Desde o fim de 2023, imagens de destruição e testemunhos de sofrimento extremo têm emergido diariamente, enquanto civis lutam para sobreviver em um território sob cerco constante e com recursos à beira do esgotamento.
Segundo dados recentes divulgados pelas autoridades de saúde locais, e reportados pelo portal G1, mais de 60 mil palestinos morreram desde o início da ofensiva militar israelense, em outubro de 2023
O número, embora já trágico, pode estar subestimado, dado o alto volume de desaparecidos sob os escombros, em uma região onde o acesso a meios de resgate é limitado e as estruturas básicas colapsaram.
Mortes em massa e feridos sob escombros
A estatística foi revelada pelo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza — entidade vinculada ao grupo Hamas — e continua sendo considerada uma fonte confiável pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por instituições humanitárias internacionais.
A maioria das vítimas é composta por civis, com destaque para mulheres e crianças, o que reforça a gravidade do impacto nos mais vulneráveis.
Além das mais de 60 mil mortes confirmadas, ao menos 145 mil pessoas ficaram feridas nos ataques, muitos deles em estado crítico.
Hospitais, muitas vezes sem eletricidade, medicamentos ou profissionais em número suficiente, lutam para atender os sobreviventes.
Organizações internacionais alertam que centenas de pessoas podem morrer em breve devido à exaustão, fome e doenças infecciosas.
As mortes aconteceram em bombardeios a casas, escolas, hospitais e campos de refugiados.
Israel justifica os ataques afirmando que os alvos são bases operacionais do Hamas, mas relatos de vítimas civis atingidas enquanto buscavam água, comida ou abrigo evidenciam um colapso mais amplo da proteção aos direitos humanos.
Raízes do conflito e escalada militar
A atual guerra iniciou-se em 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel, matando cerca de 1.200 israelenses e sequestrando mais de 250 pessoas, levadas como reféns para Gaza.
O ataque provocou uma resposta militar intensa de Israel, que lançou uma campanha com bombardeios massivos e operações terrestres contra o território controlado pelo Hamas.
A campanha militar israelense destruiu bairros inteiros e obrigou a população de Gaza — mais de 2,3 milhões de pessoas — a se deslocar repetidamente em busca de segurança.
A ONU já classificou a situação como uma “fome generalizada”, com alto risco de morte por inanição nos próximos meses.
O Exército de Israel afirma ter eliminado milhares de combatentes do Hamas e destruído vastos trechos de túneis utilizados como rotas militares subterrâneas.
No entanto, a estratégia adotada por Tel Aviv vem recebendo críticas severas de diversos países e organizações internacionais.
Reações e pressões internacionais
Agências humanitárias e governos ao redor do mundo intensificaram os pedidos por um cessar-fogo imediato, diante do colapso dos serviços básicos em Gaza e da escalada de mortes entre civis.
Hospitais lotados, surtos de doenças infecciosas e desnutrição infantil crônica tornaram-se cenário comum no território, agora em ruínas.
A ONU denuncia que os bloqueios impostos por Israel à entrada de alimentos, remédios e combustível dificultam qualquer resposta humanitária efetiva.
Por sua vez, o governo israelense argumenta que tem permitido a entrada de mantimentos suficientes e responsabiliza a ONU pela distribuição inadequada, o que é negado pelas agências das Nações Unidas.
Recentemente, Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), declarou que médicos, funcionários da ONU e voluntários humanitários têm desmaiado de fome durante seus turnos de trabalho em Gaza.
O apelo ilustra o esgotamento físico e emocional das equipes que ainda atuam no terreno, muitas vezes sob risco constante de ataques.
Ajuda limitada e pausa tática
Em meio à pressão internacional e após imagens de palestinos famintos ganharem repercussão global, o governo de Israel anunciou no último domingo a suspensão parcial das operações militares em determinadas áreas de Gaza, por 10 horas diárias.
O objetivo declarado seria permitir a criação de corredores humanitários e facilitar o acesso à ajuda internacional.
Caminhões com suprimentos começaram a entrar na Faixa de Gaza pela fronteira com o Egito, enquanto países como Jordânia e Emirados Árabes Unidos lançaram pacotes de ajuda por via aérea.
Apesar disso, a quantidade de mantimentos ainda é considerada insuficiente, e a instabilidade na região dificulta o acesso seguro a diversas áreas.
Negociações travadas e incertezas à frente
As negociações indiretas entre Israel e o Hamas, mediadas por países como Catar e Egito, foram interrompidas na semana passada sem acordo para o cessar-fogo.
Fontes diplomáticas alegam que divergências sobre os termos da libertação de reféns e a retirada de tropas continuam impedindo qualquer avanço concreto.
Com mais de 21 meses de guerra e destruição acumulada, cresce a preocupação de que Gaza esteja entrando em um ponto sem retorno.
A ONU estima que a reconstrução completa da infraestrutura da região levaria décadas, mesmo com esforços internacionais coordenados — algo que ainda parece distante.
A responsabilidade pelas mortes civis, segundo Israel, recai sobre o Hamas, que supostamente utiliza áreas civis como escudos táticos.
O grupo nega, afirmando que Israel ataca deliberadamente regiões densamente povoadas, inclusive centros médicos e escolares.
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